Coisas simples porém eternas...


Chega! Cansei! Estou farta!

É tanta pose, é tanta frescura... ninguém mais assume o que é, nem fala o que pensa por pura vergonha de ser ridicularizado, chamado de "cafona" (ou sei lá como se chama hoje em dia). Parece que não existe mais aquela visão romântica de mundo, do casal que vai jantar "naquele" restaurante onde tudo começou... não, não pode! É "cafona". Vamos abrir o Guia da Folha, consultar as revistas "especializadas" para saber o que é "tendência".


Então o casal segue rumo à fila extensa do restaurante do momento. Que programão hein? Juro por Nossa Senhora da Fila do Estádio do Morumbi que acho deprimente passar em frente aos restaurantes e me deparar com tal cena. Um monte de gente com cara de fome, em fila indiana (como se chamava nos meus tempos de menina). Com o perdão da comparação mas os comparo aos povos que esperam ajuda humanitária da ONU.

É mais "Gastronomicamente" correto "vomitar" nomes de chefs atuais famosos do que pronunciar as palavras "jerimum", "jabá", "cuscuz" (a menos que seja o couscous marroquino, não é?). Cozinha regional brasileira agora é "iguaria", comida sazonal para ser degustada com paladar crítico. O Mercadão (para quem não é de São Paulo, falo do Mercado Municipal da cidade) agora é a boutique recém-descoberta onde se come o mega sanduba de mortadela (que aliás, agora é hit mas antes era "coisa de pobre").

Querem saber? Ainda acredito nas mulheres que não sentem vergonha de trocar receitinhas de família (oriundas daquele caderno velhinho, sujinho de "cozinha", das páginas amareladas pelo tempo e pelo manuseio de outrora), na criança que pega a mãe pelo braço e pede "Mamãe, deixa eu lamber a tigela do bolo?", nos homens que (em seus pensamentos) desastrosamente (eu diria que, num ímpeto de cavalheirismo) tentam preparar o arroz e o feijão para a amada que chegará cansada do trabalho.
Hoje, através do meu blog, tenho conhecido cada vez mais gente que pensa assim. Gente que não tem medo de chorar de emoção ao sentir um aroma que a faça lembrar da mãe, da avó, da infância. Gente sem pose e sem vergonha de ser feliz!

2 comentários:

Flor de Sal disse...

Bem, em primeiro lugar sou fã ASSUMIDA das suas Nossas Senhoras!
Depois, concordo plenamente com o seu texto. Eu sou uma mulher moderna, sem preconceitos, actual, trabalhadora,mãe, lutadora, "chique", adoro maquiagem, joias e unhas pintadas. E não me considero menos ou inferior porque gosto de encostar a barriga no fogão (ve vez em quando) de fazer o bolo preferido do meu "princeso" ou de preparar um bom marisco para fazer uma surpresa para o marido (até porque dizem que o marisco é afrodisíaco!)
Essas "tipas" que gostam de se armar em entendidas e acham "demodé" cozinhar deviam fazer uma grande RECICLAGEM!
Bjnhos de Portugal!

Simone Izumi disse...

apesar de idolatrar gastronomia...não faço questão nenhuma de frequentar lugares que são hits do momento...acho que não combina comigo! me sinto muito mais a vontade em lugares mais simples, com comida boa e preço justo, sem ter a necessidade de torrar os meus neuronios para decidir qual tipo de talher usar...
para mim, comfort food tem tudo a ver com memórias de infancia...coisas da mamãe, da titia... e esses livrinhos de receitas amarelados,rabiscados e rasgados são relíquias !!!
bjo!!

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